segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Benefícios do exercício resistido em crianças e adolescentes



O treinamento de força com ou sem o uso de aparelhos ou com o próprio peso do corpo está se tornando cada vez mais popular dentro das escolas, porém, existem profissionais da área de educação física, bem como os próprios pais das crianças e adolescentes, que mantêm certas reservas quanto a este tipo de método de treinamento, devido a alguns conhecimentos populares que afirmam que este tipo de exercício é ineficaz e perigoso quando aplicado ainda na infância, mas felizmente, através de uma busca na literatura específica e científica das áreas afins, observou-se que programas de treinamento de força, ou seja, programas de treinamento resistido ou com peso, quando devidamente planejados, os benefícios são muitos e o risco de lesões é praticamente inexistente (Hoffman, 2002; Blimkie, 1993; Fleck, 1999; Kraemer, 2001; Falk & Tenenbaum, 1996)



Organizações importantes como o The American Academy of Pediatrics (2001), the American College of Sports Medicine (2000), the American Orthopedic Society of Sports Medicine (1988) e a National Strenght and Conditioning Association (Faigenbaum et al., 1996) apóiam a participação de jovens em programas de treinamento resistido, desde que os mesmos tenham planejamento adequado e supervisão competente, o que também pôde ser confirmado através de uma matéria recente sobre ¨Musculação em crianças¨, exibida no programa Fantástico, da Rede Globo, neste último domingo, dia 01/11/09, onde especialistas, sendo Abelardo Bastos, membro da Sociedade Brasileira de Pediatria e Antônio Cláudio Nóbrega, membro da Sociedade Brasileira de Medicina Esportiva relatam a possibilidade de se fazer qualquer tipo de exercício em qualquer idade, desde crianças, adultos e até idosos e falam também da importância do padrão de treinamento saudável, sem haver sobrecarga muscular e/ou óssea. Relatos de uma criança de 9 anos e de seu professor, juntamente com imagens de alguns exercícios com peso, executados perfeitamente, sem nenhuma compensação postural, também são exibidos na matéria, o que me deixou muito contente, porque, apesar de existirem muitos estudos científicos publicados em relação a este tema, ainda existe muito preconceito e receio de pessoas e profissionais da área da saúde mal informados e, já está mais do que na hora de haver a quebra de antigos paradigmas.


Impacto da atividade física no desenvolvimento ósseo

Durante a atividade física, a contração muscular promove um aumento da atividade osteoblástica na região óssea próxima aos locais onde os músculos se inserem, levando ao aumento da mineralização óssea, ou seja aumento da densidade mineral óssea (Silva & Goldberg, 2003). Por outro lado, a ausência de contração muscular, como nas situações de imobilização (por exemplo, paraplegia, fraturas) e de força gravitacional (por exemplo, vôos espaciais), causa significativa perda óssea (Eliakim & Beyth, 2003).
Os mecanismos de carga impostos pelos exercícios aumentam a densidade mineral óssea independentemente do sexo e da idade de quem os pratica. Porém, o exercício físico realizado próximo ao pico máximo da velocidade de crescimento, ou seja, no início da puberdade, é mais efetivo para potencializar o ganho de massa óssea. Os efeitos osteogênicos dos exercícios dependem ainda da magnitude da carga e da freqüência de aplicação que, quando repetidas, resultam em hipertrofia óssea. Dessa forma, atividade física regular durante a infância e adolescência pode atuar na prevenção de distúrbios ósseos, como a osteoporose (Silva & Goldberg, 2003).

Embora o treinamento com pesos bem orientado seja bastante seguro para crianças, não existem razões para que o mesmo seja estimulado como conduta geral para a população infantil, mas nos casos de terapia física, reabilitação e como opção de atividade física para crianças sedentárias e geralmente com personalidade introvertida, não há razão pela qual os exercícios com pesos não possam ser utilizados e deve ser apenas uma parte de um programa de condicionamento físico global que desenvolvam outras capacidades como: aptidão cardiorrespiratória, flexibilidade, agilidade, coordenação motora e equilíbrio.